HISTÓRIA - Eric Hobsbawm
Morreu na segunda-feira, 1º, aos 95 anos, o historiador britânico Eric Hobsbawm, depois de uma longa pneumonia que o manteve internado por meses em Londres. Era considerado um dos mais importantes historiadores do século 20, autor de mais de 30 livros traduzidos em todo o mundo. Com a trilogia Era das revoluções, Era do capital e Era dos impérios, que fez parte da formação de várias gerações – no Brasil foi um dos livros mais estudados em cursos das áreas de ciências humanas a partir dos anos 1970 – Hobsbawm analisou o que chamava de “o longo século 19”, período que vai de 1789 a 1914, ou seja, das revoluções europeias às vésperas da Primeira Guerra Mundial.
Hobsbawm era grande conhecedor de jazz, tendo escrito artigos sobre o tema, assinando como Francis Newton, para a revista New Statesman. Chegou a publicar uma prestigiada História social do jazz. Em tempo: o pseudônimo usando pelo historiador era uma homenagem ao trompetista de Billie Holiday, que era comunista. Além dos livros sobre grandes períodos históricos, Hobsbawm tinha interesse por movimentos revolucionários, agitadores pré-políticos e banditismo social.
Eric nasceu em uma família judia em Alexandria, no Egito, em 1917, na época em que o país árabe era uma colônia britânica. Aos 2 anos, mudou-se para Berlim. Órfão desde a adolescência, foi adotado com a irmã Nancy, por tios que os levaram para morar em Londres, em 1933, quando Adolf Hitler começava a ganhar poder na Alemanha.
Sua carreira acadêmica foi brilhante, tendo lecionado nas principais universidades britânicas. Como professor convidado, deu aulas na Universidade de Stanford, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e na Universidade de Cornel, nos EUA. Em 2003, Eric Hobsbawm veio ao Brasil para participar da Festa Literária de Paraty (Flip).
Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, publicada à época do lançamento do livro, declarou: “A redescoberta de Marx está acontecendo porque ele previu muito mais sobre o mundo moderno do que qualquer outra pessoa em 1848. É isso, acredito, o que atrai a atenção de vários observadores novos – atenção essa que, paradoxalmente, surge antes entre empresários e comentaristas de negócios, não entre a esquerda”.
Seu livro de memórias, Tempos interessantes – Uma vida no século 20, é uma análise sem autoindulgência de sua trajetória intelectual e dos desafios políticos vividos. Além de retomar algumas reflexões que fizeram parte de sua obra de historiador, tem passagens sobre a América Latina e o Brasil, ao qual faz duas referências: acerca de uma conferência proferida em Campinas, em 1975, durante a ditadura militar, e sobre o significado político do Partido dos Trabalhadores (PT). Historiadores não costumam falar sobre o presente. Mas Eric Hobsbawm nunca foi ortodoxo e seu maior desafio sempre foi entender seu tempo.
Principais obras
1962 – A era das revoluções (Paz e Terra)
1969 – Bandidos (Paz e Terra)
1973 – Revolucionários: ensaios contemporâneos (Paz e Terra)
1975 – A era do capital (Paz e Terra)
1987 – A era dos impérios (Paz e Terra)
1989 – História social do jazz (Paz e Terra)
1994 – A era dos extremos (Companhia das Letras)
2002 – Tempos interessantes (Companhia das Letras)
2011 – Como mudar o mundo (Companhia das Letras)
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