EVOLUÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES


É por meio do alimento que o ser humano retira os nutrientes para a sustentação de seu organismo e da sua combinação depende um corpo saudável ou doente. A história da alimentação é antiga. Acredita-se que o homem teria começado a se alimentar de frutos e raízes após observar o comportamento de outros animais. Com a evolução da espécie, começou a ingerir carne crua e moluscos, até que aprendeu a assar e cozinhar com o domínio do fogo. Descobriu outros alimentos e formas de consumi-los. Passou a selecionar, modificar e evoluiu tanto que hoje já utiliza o alimento como potente colaborador no tratamento de doenças e como principal responsável pela saúde e qualidade de vida.

Estudos mostram que o homo sapiens, por exemplo, alimentava-se de carne de caça, que eram abatidas diariamente e assadas. O homem de Neanderthal parece ter sido antropófago, segundo a análise de fósseis. Acredita-se que a primeira “sobremesa” tenha sido o mel de abelhas, que já existia há milhões de séculos antes do homem. 

Profundas mudanças climáticas e ambientais estimularam a migração de homens e animais. Andando de um lugar para outro, os homens primitivos perceberam que sementes que caíam, germinavam. Desenvolveram a agricultura, arco e flecha e passaram de nômades a moradores em pequenas aldeias. No período paleolítico passaram a se organizar em sociedade.

No período neolítico (10.000 a 4.000 a. C.), se inicia a base de nossa alimentação tradicional. Os povos egípcios associavam a saúde e longevidade aos prazeres da mesa. Eram conhecedores dos segredos da farmacopeia e propriedades das ervas medicinais e já ligavam a alimentação com a cura de moléstias.

Por volta dos séculos V a X d.C., já eram considerados os efeitos preventivos da alimentação. Textos de Hipócrates já evidenciavam a associação de alimentos com o combate a doenças. Na Idade Média se destacavam três sabores fundamentais: forte, doce e ácido. Na Idade Moderna a agricultura passa a ser utilizada também para fins comerciais. Na Idade Contemporânea a agricultura cresceu e o açúcar, antes privilégio da elite, se difundiu na alimentação popular.

Observando-se a evolução do processo alimentar, conclui-se que a cultura tem forte influência nos hábitos alimentares. O homem pré-histórico comia de tudo. Já o homem moderno age de forma bem diferente. Os israelitas podiam comer gafanhotos e esses são ainda apreciados em toda a África do Norte. No Nordeste, os sertanejos comem preás e camaleões. Nativos da Amazônia comem macacos assados. Hindus não comem carne de vaca, pois acreditam serem sagradas. Já os europeus acham que a mesma é indispensável na mesa.

A relação entre alimentação e religião está na Bíblia. As religiões proíbem o consumo de certos alimentos e tornam outros sagrados. O pão há mais de dois mil anos é tido como alimento sagrado por muitos povos. A cozinha brasileira sofreu influência da cozinha portuguesa, indígena e africana, sendo obviamente adaptada de acordo com a cultura local. 

Africanos trouxeram uma cozinha de “miscigenação”. Com os europeus, principalmente os portugueses, foram aprendidas técnicas de agricultura e criação de animais. Também houve contribuição no ensinamento de produtos derivados de leite, como o queijo, além dos embutidos, defumados e fabricação dos doces.

Nas últimas décadas ocorreram mudanças importantes nos hábitos alimentares dos brasileiros. O alimento, que antes era utilizado para saciar a fome, passou a ser parte integrante de reuniões, festas, etc. O conhecimento sobre eles também evoluiu bastante. Antes, coadjuvante, hoje tem papel principal na longevidade e qualidade de vida. Estudos científicos comprovam o poder de certos alimentos e sua influência na saúde humana. 

Com períodos de fome e doenças, nossos ancestrais realizaram experimentos alimentares que hoje vem à tona, com a comprovação científica de seus efeitos benéficos à saúde. Povos romanos descreveram as propriedades protetoras do repolho. As sementes da abóbora são apontadas por estudiosos como benéficas para a saúde da próstata. Fato este já descrito pela tradição herbal europeia. 

Em contrapartida, o aumento no número de alimentos industrializados associados à vida moderna, falta de tempo e stress do dia a dia, favoreceu alterações no padrão alimentar que nem sempre correspondem ao ideal. É cada vez maior o número de indivíduos acima do peso e/ou com problemas de saúde relacionados à alimentação desequilibrada. Essa não está necessariamente relacionada à alta ou baixa ingestão alimentar, mas à inadequada ingestão de nutrientes necessários para a qualidade de vida.A chamada “fome oculta” está se expandindo em toda a população, independente de classe social, idade ou sexo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “fome oculta” é a necessidade orgânica de um ou mais nutriente, mesmo não existindo sinais de carência. Na realidade existem alterações silenciosas que deixam sequelas, independente do peso do indivíduo. 

Os sintomas são geralmente percebidos em longo prazo ou até mesmo ignorados e podem culminar com o desenvolvimento de doenças como câncer, osteoporose, hipertensão, doenças cardiovasculares entre outras. 

São comuns: 

- Dores musculares;

- Fraqueza, cansaço, indisposição;

- Dificuldade de concentração;

- Maior vulnerabilidade a infecções.

Estudos indicam que ao mesmo tempo em que declina a ocorrência da desnutrição em crianças e adultos num ritmo acelerado aumenta a prevalência de sobrepeso e obesidade na população brasileira. Estabelece-se, dessa forma, um antagonismo de tendências temporais entre desnutrição e obesidade, definindo uma das características marcantes do processo de transição nutricional no país (Batista Filho, M. & Rissin, A., 2003). 

Dados epidemiológicos têm demonstrado que o sobrepeso e obesidade, antes prevalentes nas regiões mais ricas, hoje são comuns em regiões de baixa renda. A transição epidemiológica no campo da nutrição é hoje resultado de uma série de fatores que influenciam diretamente na saúde e qualidade de vida. Merece destaque a melhora na habitação e saneamento, a mudança de hábitos alimentares, níveis de ocupação regional, renda, acesso a informações, escolaridade, melhor acesso aos serviços de saúde entre outros. 

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) relativa aos anos de 2008 e 2009 trará pela primeira vez informações sobre a evolução dos hábitos alimentares da família brasileira. Serão considerados dados como o consumo de alimentos orgânicos, DIET e LIGHT e ainda hábitos considerados de desenvolvimento sustentável.

Autor: Colunista Portal - Educação




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