EVOLUÇÃO - Filme: Criação



    A história de “Criação” compreende o período em que Darwin já havia voltado de sua viagem ao redor do mundo. O período anterior a viagem somente é mostrado em alguns “flashbacks”. Sendo assim, para quem achava que ia encontrar Darwin coletando ou passando por aventuras dentro do Beagle vai ficar decepcionado. Mas acredito que por pouco tempo. 

O filme mostra as crises de consciência que Darwin teve durante a interpretação dos dados coletados e do começo da redação de “A Origem das espécies”. Em alguns momentos, o filme fica mais próximo das ciências humanas do que das ciências biológicas. As crises existenciais e, em alguns momentos, os surtos de Darwin. O filme se prende muito ao duelo entre acreditar ou não em Deus. Um exemplo disso é que a única aparição Huxley (no início de filme) é marcada pelo tentativa do Buldogue de convencer Darwin de que a publicação de sua obra acaba por matar Deus. E aí mesmo que nosso querido naturalista entra em parafuso, pois se vê em uma sociedade altamente regulada pela Igreja, além sua esposa, Emma, ser extremamente religiosa.

Em seus surtos mais fortes, ele conversa com sua falecida filha Annie (que pela conversa com minha noiva que é psicóloga, seria uma representação artística de seu alter-ego). Nas conversas, Annie pressiona seu pai a escrever o livro, representando assim, o Darwin livre de suas questões religiosas. Além dela, seu amigo, Joseph Dalton Hooker, se mostra outro entusiasta de que Darwin escreva logo o livro. Entretanto, Darwin somente volta com todo o gás para terminar sua obra quando se trata psicologicamente com os primórdios do que viria a ser a psicanálise. Um parenteses para admirar como a ciência se desenvolvia de maneira primorosa, pois os primórdios de linhas de pensamento atuais tão importantes das ciências humanas e biológicas nasceram naquela época.

Porém, antes de seu tratamento psicológico, Darwin recebe a carta de Alfred Russel Wallace. Nesta parte tenho que contar que cheguei a rir: Darwin sentado em um banco no jardim lê a carta e diz que Wallace conseguiu resumir em 20 páginas o que ele vinha tentando fazer em 250 e não tinha terminado. Sendo este também um dos fatores que fez ele procurar tratamento e, assim,conseguir terminar seu livro.

Resumindo, o filme é muito legal, porém se fixa mais no homem Charles Darwin e não no cientista ou nas suas histórias ao redor do mundo. Quem acha que vai aprender sobre seleção natural vendo o filme, pode esquecer. Por mais que o filme não apresente erros conceituais, pelo contrário, nas partes onde Darwin aparece tentando explicar sua teoria são bem interessantes, mas poucas. Faltou também a reunião na sociedade Lineana, onde foram lidos os trabalhos de Wallace e Darwin. Entretanto, nada disso tira o encantamento de pode assistir uma produção tão bem feita de parte da vida de uma pessoa que mudou a maneira com que o homem se enxerga na economia da natureza. Assistam!

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